segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

O Vento

Quando o vento bate em nosso rosto
Sentimos que toda a felicidade do mundo é possível
As emoções parecem vir à tona
Tudo o que está lá guardado e sufocado aparece
Aparece como se pudesse dizer: Tudo dará certo
Na janela do carro, do seu quarto, no topo de um prédio
O vento suave nos acaricia dando a sensação de que o mundo é possível
De que tudo é mais fácil e que simples

Nele também podem vir os sentimentos escondidos
As lembranças guardadas e, muitas vezes, quase esquecidas
Mas elas aparecem e dançam em nossa frente
Mostrando a sua vida, como foi, o que aconteceu

O vento é pacífico e agradável, mas ele nos serve de espelho
De repente, conseguimos enxergar nele o saldo da nossa vida
Os sonhos sonhados e realizados, não realizados, adiados
As tentativas bem sucedidas, os momentos que tiraram nosso fôlego

Eu já senti isso diversas vezes
Mas confesso que cada vez é diferente da outra
Ora sinto a alegria que não tem fim
Ora sinto a saudade que me deixa sem ar
Ora apenas uma paz e um conforto que não sei de onde vem

Seria o vento um sopro de Deus ou dos anjos
Nos dizendo que estamos sendo cuidados
Vigiados
E que nada é tão urgente e ruim como achamos
E que a vida é apenas um palco, um picadeiro onde estamos ensaiando
Para, aí sim, vivermos a vida de fato, que é a vida lá em cima?